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sábado, outubro 08, 2005  


Que me adora


Eles voam como se não soubessem, falam como se não disessem. Mas (quem sou eu?) não consigo muito tempo olhar, me dá náuseas: eles entre a existência e a não; acham que sabem, pensam que entendem. Nada. Imagem é tudo, então: dá um nojo. Engraçado, sempre que saio dali bebo três litros d'água, não sei o que desidrata mais, se são as doenças ou as curas.

Nada no lugar. Não corro quando estou com pressa, tiro o relógio e tudo. Páro, troco o pé. Não volto atrás, mesmo que me arrependa. Me arrependo muito. Dizem que eu sou corajosa, dizem que eu sou medrosa, dizem que eu sou tanta coisa. Mas quando sou eu quem vai dizer, quem sou eu? Ela se pendura em mim, aquela tragédia do querer. Mas você não saberia, porque acordo, de acordo com os livros, com parestesia em todos os lugares, acordo tarde demais. Pra conseguir mudar as coisas. Não era assim, antes. Nada era. Está bom assim? Não quero ter que tomar midazolam de novo. A dor nunca mostra algo de bom.

Ainda procuro desculpas pra não escorregar. Ainda procuro formas de usar as fôrmas certas. Ainda procuro. O quê? Como antecipar. Promete que vai me trazer todas as respostas do mundo? Se não puder, não tem problema, compro pela internet mesmo, quanto será que custa?

Depois que me desfaço em disfarces, que viro uma prosopopéia dos sonhos dos outros, eles gritam: mais um, mais um. Mas de novo, não. Não vou me humilhar que nem ela fez, apesar de que tem gente que gosta. Exagerar no discurso, na bebida, na maquiagem, na vontade, até virar outra pessoa, e ir embora por uns tempos. Morrer longe, muito longe de casa. Que é quando se faz círculos em torno de si mesmo, quando se tem energia pra sugar o que estiver ao redor. Tudo muito fantástico, naturalmente. Especialmente quando tem alguém pra te despir de tudo o que ficou pra trás.

Tô morrendo de vontade. Rasgar as texturas e classificá-las em "é", "não" e "por quê". Depois dançar sobre estilhaços de vidro.
Entrar numa música que você não vai ouvir. Pra (de propósito) não me encontrar mesmo. E, quando ela terminar, mergulho dentro de uma água muito limpa, pra me ocupar espiando cavalos marinhos.

Porque é isso mesmo, ser humano: ficar enganando o vazio de dentro mesmo com gente brilhando em volta. Nunca ter a certeza de estar dentro da própria rota, da própria pele. E, às vezes, conseguir preencher tudo aquilo com a simplicidade de acreditar em alguma coisa, em alguém. Mas depois, não se iluda: volta tudo. Sempre volta. Até o dia em que acabar. Se é que acaba. E, enquanto isso, ignorar. A culpa, a culpa, a culpa. O tempo perdido. O caminho de volta. Qualquer indício de nostalgia.

Deixar a nossa vida inteirinha no shuffle.

Porque, na realidade, a gente é só aquilo (pó de estrela).
E todo mundo quer a mesma coisa.
Esquecer.
   posted by Fernanda at 6:07 PM (imagens)

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