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segunda-feira, outubro 03, 2005  


99%


Fiz a pergunta mais relevante:
- quando você vai na galeria onde tem a leonardo da vinci, você desce pela rampa ou pela escada?
Você abriu a boca pra dizer a primeira sílaba da resposta. Não saiu. Eu ri. (Não de você, eu nunca rio de você.) Perguntou que tipo de pergunta era aquela e passaram horas e até hoje não sei a resposta e, sabe o quê, fico preferindo deixar assim só pra poder deitar na grama, olhar os aviões sumindo e te imaginar descendo ora pela escada, ora pela rampa. Eu vou até lá pra procurar algum recado de você pra mim dentro dos livros. De vez em quando encontro. Depois procuro alguma coisa pra comer. Qualquer uma que não seja teratogênica. Existe, ainda? Perco a fome só de pensar. Mas, de qualquer jeito, quem é que ainda perde tempo se preocupando com a própria vida?

Preciso de grana. Não sei me lamentar. Desdenhar também não. Mas sei dirigir; depois me arrependo. Quase morri 8 vezes. Quando chego faço carinho na patinha dela. Que fica nervosa e vai embora. Mas de beijo na orelha ela gosta, quem não gosta? Alguém me ensina a puxar o saco dos outros. Vamos fazer um pacto pra quando formos bem velhinhas: eu vou no seu enterro e você vai no meu. Assim, ninguém fica sozinha. E ninguém pode se esquecer de viver.
Pergunta qual é o ônibus que se pega pra áfrica. Enquanto isso, tem gente assinando documentos por mim, usando o meu dinheiro pra se divertir, me atribuindo a autoria de frases que eu não poderia falar. Porque não tenho conhecimento de causa. Porque estou desmanchando em ausências. Buscando pessoas imperfuráveis, onde posso ser solvente e soluto, alternadamente. Pra residir em um, somente um lugar.
Um dia ainda consigo, você vai ver. E não vai mais sobrar nenhum grão de remorso. Aí, sim, vão sentir saudades.

Meu amor, na encruzilhada, o que é que você vai fazer? É uma das perguntas proibidas. Um dia mando a lista, em ordem decrescente: Il est interdit d'interdire. Não se assusta: vão chegar todas em fotografias. Em envelopes de camurça. Na realidade é fácil descobrir, ó: o que é mais importante pra você?

(Mas nem tudo se simplifica dessa forma, eu sei.) As ruas todas precisam umas das outras: a igreja em uma se sustenta com o dízimo dos habitantes da outra, que levam os filhos à escola em uma terceira e que, por sua vez, recebe a merenda de uma empresa na quarta. Há também um beco. E se a gente fosse por ele? Escolhesse a saída que não existe. Como que fica a nossa história? Quem vai contar?

Então, se uma coisa sempre precisa de outra, mesmo que sejam incompatíveis (e na maioria das vezes são), ninguém está realizado com nada. Só as pessoas que têm sorte, mas estas não contam, não há relação de causa e efeito. Que nem quando a gente botava sempre a mesma roupa pros jogos da copa, afinal aquela roupa estava dando sorte. E, se a gente perdesse, era porque não-era-pra-ser. E, se não se está contente, não vai dar nunca pra responder a clarice. Que, quando era pequenina, perguntou: "depois que se é feliz, o que acontece?"

Mas pensa pelo lado bom: se você memoriza tudo só pra poder contar pra ele e se ele não existe mais, vai sobrar muito espaço na sua cabeça. Mais um artifício, viu só? Talvez um dia a gente descubra como se faz pra transformar todos eles em fogos bem bonitos.

Nenhuma dessas conclusões revela ou releva um achado, não é? Então pergunta pra doutora: quanto tempo vai demorar pra cicatrizar.

Termina logo, abruptamente, nada de quadro incidioso ou crônico. Um rompante.
Mas não é sobre amor. Nem tudo é.
   posted by Fernanda at 2:53 PM (imagens)

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