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sábado, julho 23, 2005  


As coisas que vêm do céu


Tem uns meteoritos caindo ali no vidro do carro estacionado. Parece que, sempre que o automóvel dorme por mais de uma semana, fica mesmo em coma. Nem de mim ele se lembra, e quem engasga, olha, acaba sendo eu. Que sempre termino sendo só as coisas que eu nunca fui mesmo. Quanta incerteza. Enquanto isso se tenta convencer os humanos de que ainda vale à pena do outro lado. Onde os dias não são um depois do outro, naquela seqüência sempre certa, sempre igual. Todo mundo fica rezando muito forte pra ser esquecido aqui embaixo. Engraçado como a gente ainda gosta da vida.

No final do dia, um segundo antes de me desligar, naquele momento límpido onde todo mundo é sincero consigo, a violação das prerrogativas pra continuar passa de crime a oferenda. E é aí que eu fico ouvindo barulho de copo brindando, gente rindo e reflexo de fogo de artifício na água. (Teve uma vez que tomei banho naquilo, foi quando descobri que a pele era um troço impermeável, e fiquei com raiva, fiquei esfregando pra ver se entrava, pra ver se sentia, pra ver se queimava.) Mas o meu cachorro sente medo, então eu prefiro não, porque aprendi de verdade, dessa vez: a gente tem que respeitar os medos dos outros.

(Um dia joguei uma moedinha numa fonte e pedi pra ser corajosa.)

Agora, delírio é uma coisa e alucinação é outra. Então por que é que eu arranjei esse plano de sair de você? Queria que não fosse dessa forma: uma meia-palavra valendo mais que uma meia década delas. A gente fica - que nem na música: feito poeira se escondendo pelos cantos. É triste mas pelo menos a gente tem tudo sendo pó.

Talvez eu espalhe uns cartazes pela cidade pra ver se alguém encontrou os meus amigos.
De toda forma, duvido que devolvam: ou foi roubo, ou perdi.
   posted by Fernanda at 6:54 PM (imagens)

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