Nem mesmo as asas de vidro
Blindado
Da ave que nos dava carona
Dão conta do peso, do fardo
Que hoje de manhã ela
Começou a carregar
Perguntei tantas vezes o nome dela
Tirei-a pra dançar em todas as festas
Só pra sentir mais uma vez aquele perfume
O único que eu gostei até hoje
Só pra ouvir a sonoridade de todas aquelas letras juntas
Porque era diferente
Quando ela dizia
Os nossos pés na areia branca tentando ver
Alcançar
O balão vermelho
Desaparecendo no céu
Apertei a mão dela forte
Tive medo que ela chorasse
Pois nunca sei o que fazer
Quando elas choram na minha frente
Outro dia
De madrugada
No banco da praia
Um homem de terno lia o jornal
Talvez não haja sentido
Ler jornal de madrugada
Na praia de terno
Mas há pessoas vivendo momentos inexplicáveis
Extraordinários
Todo o tempo
E o mundo era mesmo só isso
Até que ela me acordou, às duas da manhã,
E falou no meu ouvido:
Eu nunca gosto do jeito que as coisas terminam