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sexta-feira, setembro 10, 2004  


Ela colocou na minha frente um prato cheio de pedacinhos de bolo. Eu não podia. Mas aceitei.

- Será que isso tudo o que a gente está passando é realmente necessário?
- Em outros tempos eu te diria que sim. Hoje não sei mais.
- Eu também não sei mais. Não sei mais até que ponto toda decepção é aprendizado.
- Talvez não seja. Talvez nunca tenha sido.
- Então essa história de amadurecimento seria só uma justificativa inventada?
- É. Uma desculpa pra inviabilizar a nossa ira fundamentada em uma colcha de retalhos de coisas pequeninas.
- Mas são justamente os detalhes que te fazem amar ou odiar.
- Sim, é verdade. E também são eles que sedimentam a indiferença.
- Sabe... eu nunca pensei que a indiferença me fosse um troço tão palpável.
- Indiferença é pesado. Eu não posso dizer que sou indiferente a alguma coisa. Ou a alguém.
- A pior coisa é justamente isso: a consciência de ser indiferente.
- Em relação a ele?
- É claro. A quem mais?
- Eu queria inventar um rastreador de indiferenças.
- Há, essa é boa. Mas será que ele teria utilidade prática?
- Pelo menos a gente saberia quem é que se importa.
- Quem é que se importa se a gente for atropelada por uma van desesperada.
- Exatamente. E só aí seria possível saber em quem confiar.
- Amiga?
- O quê?
- Eu acho que não ia sobrar muita gente.
- Eu sei. É por isso que não inventaram até hoje.
   posted by Fernanda at 9:30 PM (imagens)

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