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sábado, maio 22, 2004  


Vó, te gosto tanto


que o centésimo post desta coleção esporádica de textos amadores é a sua carta ao Joaquim. Segredo: quando eu tinha uns 13 anos queria me casar com ele. Hoje já me fizeram esquecer do Joaquim. Ainda bem que você lembrou. Como sempre.

Joaquim,
Acabei de ler sua Pereré pão-duro... Sempre falei tereré... Me amarro nesse seu jeito suburbano de escrever... Sou sua tiete. Provavelmente os meus antepassados tenham contribuido para a sua atual releitura de maneiras curiosas de dizer verdades antigas... Namorava eu um rapaz de outra cidade, por correspondencia, foi logo depois do pombo correio... Devo dizer que sou antiguinha. Meu tio, um portuga muito brincalhão e austero a um só tempo, certa vez, saiu-me com esta: não vá de burzeguins ao leito! Nunca soube ao pé da letra o que quis me dizer. Faltou-me coragem para escutar o que não queria ouvir... Devo dizer que sou tímida. Mas nunca esqueci a advertência... Qualquer versão se encaixava como uma luva à situação vivida na época... Não queria também dormir de touca. Certa de que meu tio querido tirara um sarro com a minha cara, casei com o namorado... Sou feliz.

Vivendo muito tempo na terra da garoa, fiquei por esse tempo por fora das coisas cariocas... E eis que surge você, atualizando o que está fora de moda mas, ainda, bem vivo na lembrança dos que o viveram... Sou coadjuvante nas suas crônicas, juntando as minhas memórias às que você tem esquecido... Encosto caras e vozes, novidades e lançamentos, modismos e cores nas suas recordações... Era criança e lia Nelson Rodrigues em "A vida como ela é", comprava a enorme revista "Grande Hotel", corria ao encontro da "Vaca leiteira" para comprar o leite espumante e o pacote de manteiga gelada e saborosa, que lá se ia apitando para chamar a freguesia, esperava toda a tarde a passagem da carrocinha amarela para comer o melhor sorvete, um na ida e outro na volta... Ela passava duas vezes em frente à nossa porta e era irresistível... Ah! e o guará, melhor refrescante não há.... E Cascadura, o Arte e Instrução (entra burro, sai ladrão), o C.Souza Marques (Cachorro Sem Matrícula). E a água de colônia Cashemere Bouquet que perfumava todos os brotinhos, e o namoro com beijo na boca, o primeiro beijo terminava com o nome sussurrado igualzinho aos beijos da rádio-novela das oito; o tempo passa, passa, a barba cresce e depois eu te faço ela, eu te faço...(cadeira de barbeiro). E o Trem da Alegria, hoje sinônimo de maracutaia, com o Heber de Boscoli, a Iara Salles e o Lamartine Babo... Tem mais, muito mais...

Você, Joaquim, atualiza a saudade... Que bom que você existe.
Beijos no seu coração... pra ser moderninha!

   posted by Fernanda at 12:41 AM (imagens)

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