Minha composição é incompleta. Há delicadeza, há vividez. Mas falta o essencial. Não há fluidez. Há expressão, há humor e, por vezes, há luz. Não há homogeneidade e, principalmente, não há especiarias. Cravo da índia, canela, pimenta do reino. Provei-as em cabines diversas, mas simplesmente não se encaixam. Não são mais fabricadas para meu tamanho.
Minha beleza é assimétrica, não começa nem termina. Fica suspensa num limbo entre o grotesco e o sublime. Depende de variáveis infinitas que não traduzem aritmética alguma. Pelo contrário, apenas configuram redemoinhos caóticos de informação visual.
Minhas fotografias me revelam inacabada. Como uma oração sem predicado, despropositadamente adequada a um conjunto ilustre de palavras. Meus detalhes todos desorganizados. Arrastados e afastados por um vendaval de origem obscura.
Gostaria de ser um impressionismo. Mas não posso, sou arte moderna, presa numa dimensão de tempo onde qualquer borrão pode ser julgado e todos são convidados a participar dos meus nuances.
Exceto eu.