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terça-feira, outubro 07, 2003  


O que sobrou daqueles dias

Transplantes de sorrisos sem motivo.
Toda a sintomatologia de tentar dizer o quanto.
Retornos repentinos a conversas inacabadas.
Fragilidades roubadas casualmente.
Divisão de peixe, pizza, batata frita,
crepe de chocolate com sorvete e chantilly.
Um concerto em uma igreja lotada
Uma brincadeira inusitada em restaurante a luz de velas
O garçom cabivelmente vestido de palhaço
Ateliês sutilmente invadidos pela nossa curiosidade
Telhas, cores, gatos e azulejos
Cachorros calmos
Canto lírico por acaso
Lá fora sons
De barco, de música, de homens jogando bola
(de manhã bem cedinho)
De pássaros ao entardecer
Aqui dentro diálogos sem palavras.
Restos de dias inteiros com você.



Pedaços concretos

A tarde de sábado foi de Santa Teresa. A noite foi do festival e da alegria boba de conseguir uma vaga em frente à estação. A sede pede um suco, o cansaço pede colo. O domingo era de sol, mas pertenceu à atenção experiente de meus avós. A praia ficou pra próxima.

Segunda de manhã ela se encheu de areia vazia. A água transparecendo peixes grandes e calmos, que no dia anterior provavelmente não arriscariam um passeio tão perto de nossos pés. Tenho vontade de chamar uma, duas, dez pessoas pra dividir uma manhã deserta. Mas é segunda-feira e devo me consolar apenas com o privilégio de estar ali. Devo ser egoísta e tentar não querer dividi-lo com mais ninguém. (Talvez um dia consiga.) As conversas de desconhecidos ao fundo são praticamente inevitáveis. Pequenos pedaços concretos da vida alheia. Pedaços de trabalho, de romances, de lamentações, de sexo, de noites e bebidas, de cinema, de burocracias, de confusões de família. Todo mundo é tão igual.
Levanto, me visto, sacudo a canga. Ponho óculos de sol e pego o tênis com cuidado para não sujá-lo de areia. Vou descalça até em casa. O asfalto queima o pé, mas as pedras portuguesas pretas são ainda mais quentes. Tentar desviar delas é uma alternativa quase instintiva.
Ligo pro cara dos quadros, mas só dá ninguém-atende. Mais tarde finalmente consigo: ele diz que vai me mandar um croqui novo.
Minha mãe ouve Enya lá longe. Convidei-a pro cinema. Filme italiano. Sincero, ingênuo, sem pretensões. Domingo ela viu Frida. E até agora vê as cores mexicanas ao fechar os olhos. Eu bem que avisei.
Meu pai perde o telefone e sai correndo pra comprar outro. Médicos parecem não ter o direito de ficarem desligados ou fora da área de cobertura. Que isso me sirva de aviso.
Ou de exemplo.
   posted by Fernanda at 2:30 PM (imagens)

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