Todo mundo tem idéias loucas para invenções improváveis. Um dia comecei a anotar as minhas e, contrariando os comentários gerais de que os textos andam viajantes e tristes, compartilho aqui 5 delas.
Seguro-Guarda-Chuva. O guarda-chuva é aquele objeto que parece pedir pra ser esquecido em algum lugar, simplesmente porque só nos lembramos dele enquanto está chovendo e, mesmo assim, quando a chuva é forte, porque eu sou capaz de andar meia-hora numa chuvinha mocoronga e não pegar o guarda-chuva dentro da mochila. Um dia meu pai, meu avô e meu tio, todos tricolores doentes, foram ao Maracanã debaixo de um toró. Os três levaram seus respectivos guardas-chuva. Os três esqueceram seus guardas-chuva na arquibancada. Ou o jogo foi muito bom e eles saíram de lá gritando e dançando e correram pro bar mais próximo; ou o jogo foi muito ruim e eles saíram de lá deprimidos e correram pro bar mais próximo; ou então eles simplesmente deram o azar de a chuva ter parado, as ruas terem secado e , assim, perderam todos os guardas-chuva ao mesmo tempo. Por essas e outras deveria ser inventada uma espécie de seguro. Todas as lojas e camelôs que vendem guardas-chuva deveriam oferecer à pessoa uma promoção do tipo: “se você pagar mais, sei lá, 4 reais ao levar esse guarda-chuva, você pode vir aqui pegar outro igual quando perdê-lo”. Ideal. Está bem, pode até conter alguns problemas estruturais do tipo "como provar que o cara realmente perdeu o guarda-chuva e não está levando um guarda-chuva mais barato pra outra pessoa?" Mas a essência da idéia me parece interessante.
Sing-a-long de Partitura. Todo mundo já viu, pelo menos algum relance, de um sing-a-long da Disney. Os bichinhos cantam e dançam felizes da vida e aparece, na parte inferior da tela, a letra da música. A sílaba ou palavra da música que está sendo cantada vai sendo destacada por um iluminador ou por um objeto (como um pote de mel no caso do Ursinho Puff). E assim vai. E assim você decora a música. Eu preciso de um esquema desses pra não me perder nas partituras. Às vezes, no meio de um compasso, tudo está indo muito bem quando de repente: branco. Onde eu estava? E me perco no meio de todas as notinhas embaralhadas, a música fica capenga e perde o sentido e eu tenho que voltar desde o início. Por isso, preciso de um Sing-a-long de Partitura imediatamente! Minha professora agradece.
Embaralhador virtual de papelzinho de amigo oculto. Pois é, o fato é que eu tenho esses 30 amigos íntimos. E entre nós, uma reuniãozinha petit comitee sempre acaba virando uma festona com uma falação doida e muitas gente no chão porque todos os sofás e cadeiras já estão ocupados. Então, por ser muita gente, fim de ano é sempre a mesma coisa: todo mundo quer participar do amigo oculto. Mas nunca conseguimos reunir todo mundo num dia só pra sortear. O dia do amigo oculto em si também é um parto a ser decidido (uma vez ele foi tão adiado que acabou acontecendo no final de março), mas esse já é outro problema. Amigo oculto virtual não dá, mas as confusões pra sorteá-lo poderiam ser perfeitamente evitáveis já que todo mundo é devidamente informatizado e tecnológico. Inventa-se um embaralhador virtual de papelzinhos e pronto. Cada um recebe, por email, o seu amigo oculto. Relativamente seguro e altamente prático.
Luzinha indicativa na chave do carro. Sempre, depois de sair do carro, 30 passos depois, vem a dúvida: “tranquei o carro?” O problema está nessas chaves teoricamente práticas porque tudo o que você precisa fazer é apertar um botãozinho pra trancar e destrancar o carro. Mas, ainda assim, minha memória para fatos recentes parecia ter alguma disfunção patológica porque 5 minutos depois eu já não me lembrava se tinha ou não trancado a porta. Preocupada, fui ter com outros amigos motoristas e eles me confessaram ser portadores da mesma deficiência. Então pensei que, se nas chaves de todos os carros houvesse um pequeno indicador de quando o carro está trancado (ex: luzinha verde) e de quando está destrancado (ex: luzinha amarela), nossas vidas seriam bem mais simples e isentas de culpas infundadas.
Rede portátil. No meio de todo o calor carioca, todo mundo sabe que não temos direito àquela invejável sesta européia. E quem trabalha ou estuda no Rio de Janeiro depois do almoço sabe o quanto isso é cruel. Principalmente em meses mais insuportáveis como dezembro, fevereiro e março. Já foi comprovado cientificamente que uma horinha de sono depois da refeição é saudável e facilita o processo de digestão, melhorando, conseqüentemente, o foco de atenção e raciocínio e aumentando a produtividade de uma pessoa durante a tarde. Portanto, na falta de lugar melhor, tiremos um cochilo no próprio trabalho ou na faculdade. Inventa-se uma rede portátil e dobrável, que caiba na bolsa ou na mochila e resolve-se o problema daquele sono terrível que nos atormenta até umas 3 horas da tarde. Que tal?