(quando seus planos não passam de planos o mundo desmorona por uns instantes.)
Você sempre limitando, impondo, puxando o tapete, a rédea, o rumo... E eu aqui, bêbada de tanto pensar, tonta de tanto tentar. Refém das minhas próprias raízes e de tudo aquilo que me compõe.
Espero que alguém me salve um dia. Porque já desisti: resolvi assumir meu lado Rapunzel. Uma Rapunzel que nem às próprias tranças pode recorrer. O cabelo é curto e talvez nem isso seja mero acaso.
Ouço umas músicas melancólicas, etéreas, boêmias, finjo que está tudo bem, embalado pela voz ora sexy ora hopeless. Qual a tradução perfeita de hopeless? Pra que eu saiba responder da próxima vez que alguém perguntar educadamente: “como você tá, menina?”
O meu sonho de consumo é a espontaneidade. Só. Uma onda de simplicidade pra embrulhar tudo o que me faria sorrir. E que tudo deixe de ser eternamente embebido nas conseqüências improváveis de uma visita a uma igreja. Deixando de ser verbalizado cada detalhe de como se compra uma passagem de ônibus, onde se dorme e o que se come. Você não entende que cada coisa tem sua ordem natural, mas nada é tão difícil quanto vencer a barreira das palavras. Agora relaxa porque eu quero viver meus próprios dias de folga. Sem as cobranças obsessivas e as preocupações fora de órbita. Isso não é uma missão espacial, é apenas uma vida. Sendo desperdiçada em tantos pequenos momentos.
Na verdade o texto não me satisfaz, nem a música, nem os lindos ovos de páscoa pendurados no teto das lojas. Porque sou uma pessoa simples que enfrenta coisas desnecessariamente complicadas. Isso é ridículo para quem enxerga de fora. Trágico pra quem vê de dentro.
Quero a minha vontade própria de volta e toda aquela liberdade desmedida e subentendida. Mas principalmente simples, simples... Simples.