sexta-feira, março 14, 2003  

Nossas cangas coloridas

Posso ser arrogante? Praia deserta na sexta de manhã não é pra qualquer um. Areia limpa. Sem lixo, sem gente bagunceira, besuntada de óleo, torrando no sol a pino. Só eu e uma amiga querida, amiga dos velhos tempos (e dos novos também). A gente fala de tudo um pouco e às vezes até falamos muito sobre nada em particular. Às vezes ela se cansa de me ouvir falar (é sim, que eu sei que eu posso falar como uma matraca). Eu estudando em casa, sexta de manhã livre, e ela liga com o convite tentador: "estou querendo ir à praia..."

O Sol saudável de 8 e meia é gostoso e bem-vindo à pele. Mas não se iluda: ele faz transpirar e te empurra pro mar. Os pés se encontram com a areia quente e depois com a água gelada, bem gelada. Mas nada que te faça desistir da idéia de mergular, não temos correntes polares em nossas praias. Encarar o mar faz parte do ritual: admirar-lhe a cor, sempre tão diferente da cor de todo-dia, e tentar enxergar além daquela reta intransponível. Mas isso dura só uma fração de segundos... Hoje ele estava particularmente autoritário, grande, nervoso. Até que eu páro de pensar e resolvo sentir toda a água, a temperatura e o sal, mergulhando completamente. A correnteza puxa para onde ela bem entende e, por alguns instantes, sou capaz de ter raiva do mar. Mas passa tão rápido que nem lembro mais por quê. E se torna óbvio que, naquele momento, a praia era o melhor lugar em que poderia estar. Porque é bom e simples. Simples como Biscoito Globo. Só sal, água, areia e azul emendando com o verde. Quem precisa de mais do que isso?

Eu desenvolvi uma teoria de que todo mundo que não gosta de praia tende a complicar as coisas simples. Não que as que gostam de praia não tenham a mesma tendência e eu sei que toda generalização é um erro. É só uma teoria idiota que achei que merecia algum crédito. Porque conclusão de praia não se descarta.

   posted by Fernanda at 4:03 PM (imagens)

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