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segunda-feira, março 10, 2003  


Decifra-me ou...

Lentamente eu levantei os olhos e quase disse: "tudo mudou". Quase porque existem momentos em que dizer não compensa, já que parece não haver ninguém disposto a ouvir. Mas eles sabem que tenho razão... tudo mudou. Tão rápida e tão lentamente que tornou-se redundante qualquer comentário comparativo. Algumas importâncias tornaram-se triviais e outras banalidades agora parecem tão urgentes. Eles só não sabem ainda como distingüir porque não tiveram a coragem (ou o interesse) de perguntar. Assim como também não sei mais nada, já que construíram (quem construiu?) uma muralha de concreto entre os sentimentos verdadeiros e o mundo onde eu vivo.

Ontem à noite eu consegui encontrar, em algum daqueles estágios entre o sono e a consciência, o que me incomodava: essa indiferença contida em pequenos detalhes. Talvez por culpa minha, que sempre tentei parecer mais independente do que vulnerável, mais forte do que frágil, mais Sol do que Lua. Talvez por culpa deles, que estão ocupados demais tentando provar ao mundo alguma coisa indefinível e, por isso, nunca tentaram compreender nada além dos próprios hábitos. Nunca desperdiçaram um segundo do seu tempo precioso para falar de sentimentalidades de uma forma transparente. Sem descaso em relação às angústias alheias e sem parecerem anjos inatingíveis, que não precisam de mais nada além nas necessidades básicas humanas. Como são complicados e apaixonantes, cada um em seu Universo particular. Posso amá-los e odiá-los ao mesmo tempo, é verdade. Porque sou só mais uma alma freneticamente perdida entre o antiquário e a lojinha de design.

A parte mais estranha de se descobrir diferente é a falsa ilusão de que tudo ao seu redor continua desesperadoramente igual. Porque daqui a pouco cai a ficha, o mundo roda e você se sente tão defasada que aprende que tudo mudou também, independentemente da sua participação, das suas palavras, dos seus cuidados maternais.

Sou um computador obsoleto. Um relógio de cordas com ponteiros perdidos em alguma mudança.

Eu me contradigo até deixar tonto o resto do mundo. Vocês lutam incansavelmente contra os padrões, as verdades e os princípios. Mas somos todos clichés ambulantes.
   posted by Fernanda at 11:44 AM (imagens)

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