20 horas de vôo. 4 pra Buenos Aires e 16 até Auckland. Lá em baixo, só o Pacífico. Precisa de algo além? O Pacífico era um adolescente rebelde e contestador. Hoje é um velhinho sábio, sereno... mas preocupado com os rumos da humanidade. Algumas rugas e barba branca. Olhinhos pequenos.
15 horas de fuso. Oceania. Nova Zelândia. Duas pequenas ilhas e um mundo novo. Cultura maori, inglês esquisito, esportes radicais e praia, praia, praia... Afinal é verão. Um pouco de irresponsabilidade e um gostinho daquele sonho chamado liberdade. Que eu não posso ter ao não ser que esteja numa dimensão muito à frente do meu mundo. Pra que as coisas sejam concretizadas antes da idealização. Quero comer a sobremesa antes dos legumes. Um novo conceito de tempo: doce antes do sal, bronzeado antes do sol, tudo bem antes do oi. Inversão de tudo o que é pré-estabelecido. Porque lá o tempo é outro e vocês também seriam.
Eu prometi. E vou descobrir como funciona essa coisa de não dar satisfação e as decisões imediatas, sem elocubrações verbais com dias, meses, anos de antecedência. Acho que vou dar um pulinho ali nas ilhas Fiji no fim de semana que vem, quem quer ir?
Vamos fazer uma excursão até Queenstown, a tal cidade do sky diving. Vamos acabar logo com essa ansiedade louca que nos consome e arrepia antes da queda livre. Quando? Que tal agora? É, agora, arruma tuas coisas, rápido.
I want to be alive.
Mas vai sem (re)pressão e cobranças, sem controle de quando, onde, como e com quem. Sem a ditadura do tempo e do espaço e a dominação imposta pelos valores tradicionais. Sem os meus próprios conflitos, culpas e neuras. Só a Nova Eu e a Nova Zelândia. Temos que aproveitar a fabulosa oportunidade da reinvenção por uns dias. Sem pensar se mereço ou não: a ordem é renovar. E ser, ser, ser... tão intensamente e verdadeiramente como você sempre quis ser. E não pôde.
Quero ir embora.
A saudade vai apertar, meu amor. Depois te devolvo o casaco...